Paletós
Muito complexo é o mundo dos paletós.Não
só do paletó por si mesmo,
mas, principalmente daqueles engomados que volta e meia fazem-se
valer de todo o porte e elegância de um paletó para contar alguns
pontos na modalidade"desempenho social"que praticam em shows,
festas, jantares,etc. Além disso,quando falamos em paletó, falamos
em coisas "chiques", pois ninguém submete o dito cujo a atividades
banais, como comprar bananas na feira, dar uma ou duas voltas
ao redor da praça, visitar a sogra...
Vamos tentar analisar a vida cotidiana de um paletó.
Um paletó que se preze deve ser versátil: tem que freqüentar desde
bons restaurantes a teatros, passando por aquela reunião maçante de
sua empresa. Também pode ir à Igreja, acompanha de executivos a
presidente da República - curiosamente o atual presidente em muitas
ocasiões o dispensa, talvez sem ele fique mais parecido com um
"trabalhador", a um "brigador" no melhor sentido da palavra.
Mas um paletó também sofre de solidão; na maior parte do tempo
confinado em um guarda-roupa, ele, na choupana do pobre sofre
com o trauma de ter sido usado uma ou duas vezes : quem sabe,
na festa de casamento da filha e no conseqüente batizado do
primeiro neto.Na mansão do abastado, os paletós acabam pouco
usados pela forte concorrência entre eles, são diversas cores, modelos,
além de outros aparatos próprios de um guarda-roupas rico.
Os paletós são grandes confidentes de segredos; em seus inúmeros
bolsos podem residir canetas-tinteiro, bilhetes,canetas comuns,
convites,agendas entre outros acessórios.
Mas vejamos como exemplo um caso real que mostra a importância
desse mundo interior que trazemos em nossos paletós.
Arnaldo era um homem supostamente fidelíssimo à sua mulher Glória,
mas como tantos por aí que conhecemos,mas que guardamos
segredo ( ou tentamos) tem seus momentos de fraqueza e passou a
fazer hora extra em casa de Susaninha, uma estonteante moçoila.
Pois quem acabou sendo o dedo duro dessa farsa conjugal?
O paletó. Arnaldo não podia mais esconder de onde provinham os
deliciosos aromas que perfumavam o paletó. E foi o próprio paletó
quem se encarregou de contar a Glória sobre as reuniões fora do horário,
através de bilhetes íntimos ocultados entre as entranhas do confidente
paletó. Afinal, amigos,quem tinha a tarefa de, volta e meia de lavar,
passar e cuidar do asseio, enfim,dos paletós de Arnaldo?
Divórcio certo.
Daí vem a importância de um paletó. E,de paletó terminamos a nossa
historia, deixando que eles se incumbam da tarefa de testemunhar
mandos e desmandos de governantes, gafes e badalos sociais,
guarda-roupas variados ou vazios.
Um dia escreverei sobre ternos completos.
|