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                                    Real ou Imaginário  
                                     
                                    
                                    
                                    Marilena Ferioli Basso 
                                    
                                    
                                     
                                    e Alberto Peyrano 
                                      
                                    
                                    
                                     
                                    
                                    Meninas brincando com bonecas...  
                                    Meninos jogando bola...  
                                    Crianças com a barriginha cheia,  
                                    Dormindo em um berço aconchegante . 
                                      
                                    
                                    
                                     
                                    E a dor? Onde esta? 
                                    E os gritos da fome, quem os ouve? 
                                    Existem a doença, a solidão, o desamor? 
                                    Acabaram-se os abortos,  
                                    a humilhação do poder sobre os pobres, 
                                    e os canhões da guerra? 
                                      
                                    
                                    
                                     
                                    
                                    Crianças descalças e maltrapilhas,  
                                    Batendo de porta em porta pedindo um pedaço 
                                    de pão, 
                                    Crianças sem frequentar a escola,  
                                    Dormindo em baixo de pontes cobertas com 
                                    papelão.  
                                      
                                    
                                    
                                     
                                    Aonde estão os palácios e as viagens de 
                                    prazer? 
                                    Onde estão as crianças sadias aos que nada 
                                    falta 
                                    Onde foram-se o luxo, o conforto, os cães de 
                                    raça, 
                                    a presença ativa das marcas de moda 
                                    nos shoppings mais suntuosos 
                                    ali onde os cartões esgotam-se sem tom nem 
                                    som  
                                    entretanto cumprem esperanças? 
                                      
                                    
                                    
                                     
                                    
                                    Jovens sadios, atletas, participantes, 
                                    Preparando-se para os vestibulares,  
                                    Gostam de ver filmes, curtem a musica, 
                                    assistem a TV'  
                                    e sabem que são a esperança do nosso amanhã. 
                                      
                                    
                                    
                                     
                                    Jovens ressentidos por não poder estudar 
                                    baixando a cabeça no diário trabalhar 
                                    meninas que limpam casas que nunca serão seu 
                                    lar 
                                    Padres obreiros tremando ao chegar o fim do 
                                    mês 
                                    Madres serventes chorando por não poder 
                                    gozar 
                                    do aniversário do filho nem o presente pro 
                                    ele. 
                                      
                                    
                                    
                                     
                                    
                                    Meninas adolescentes se prostituindo para 
                                    sobreviver, 
                                    Rapazes entrando para o mundo das drogas,
                                     
                                    Com o sinistra ilusão de encontrar um mundo 
                                    melhor,  
                                    Acabam na sarjeta e não acham quem lhes 
                                    estendam as mãos.  
                                      
                                    
                                    
                                     
                                    E a cidade dividida continua sua existência 
                                    a metade disfruta tudo, a outra metade, sem 
                                    nada 
                                    entretanto o sol é o mesmo para uns que para 
                                    outros, 
                                    e a terra gira e gira sem descansar um 
                                    instante. 
                                      
                                    
                                    
                                     
                                    
                                    Familias felizes, mesa farta, roupas nas 
                                    gavetas,  
                                    Diálogo com os filhos quando estes precisam 
                                    de conselhos, 
                                    O Pai é o chefe da família e sua palavra é 
                                    respeitada,  
                                    A mãe é mais a candura que mantem o clima de 
                                    união.  
                                      
                                    
                                    
                                     
                                    Para os uns, fantasia. Para os outros... 
                                    realidade. 
                                    A realidade do oposto é fantasia ou um sonho 
                                    é pesadelo de um dia que dura toda uma vida
                                     
                                    ou é a ilusão desejada que acabara com o 
                                    mal. 
                                      
                                    
                                    
                                     
                                    
                                    Familias desintegradas, sem comida, sem 
                                    roupa e sem remédio,  
                                    Sem um teto sobre a cabeça que as abrigue 
                                    contra o sol e a chuva, 
                                    Famílias que viram todos seus ideais 
                                    desaparecerem,  
                                    Perderam a força e não tem mais com o que 
                                    sonhar...  
                                      
                                    
                                    
                                     
                                    Canção da vida triste alimentada de opostos 
                                    que não podem senão estar um sem que esteja 
                                    o outro. 
                                    Equilibro das almas na dura realidade 
                                    que nem sequer sabemos se é real ou onde 
                                    esta.  
                                      
                                    
                                    
                                     
                                    
                                    
                                    Onde fica a verdade 
                                    No Real  
                                    ou no  
                                    Imaginário? 
                                    
                                    
                                     
                                    * 
                                    Brasil - Argentina 
                                     
                                      
                                      
                                       |