QUE FUTURO...
Marilena Basso
&
Alberto Peyrano
Noite...silêncio...
De repente o grito de uma mulher.
Novo grito...outro grito...
Silêncio...
Novamente a calma é cortada por mais um
grito
Um novo choro ecoa no ar,
vem ao mundo um novo e pequenino ser.
A roda da vida marcha sem parar
sem calar nunca seu canto sem tempo
e na sua corrente de giros incessantes
una alma que nasce é uma nova engrenagem.
Essa criança inaugura sua chegada
a este mundo através de um pranto
sentido, melancólico e estridente...
Talvez esteja reclamando de forma
vigorosa
por precisar sair de seu abrigo
garantido
e ter que enfrentar o desconhecido.
A vida recebe à nova vida
com os conhecidos rituais da espécie:
o grito que anuncia a entrada neste
mundo.
Enquanto lá em cima, as estrelas
delineiam o destino
do novo ser que empreenderá o caminho.
Como primeiro consolo é colocada
nos braços de sua mãe onde volta a
sentir um pouquinho do calor antes
conhecido.
Mas esse momento é fugaz e passageiro...
Logo é arrancada e colocada num berço
entre tantos outros seres que sofreram
e passaram por essa mesma ruptura
afetiva.
Toda alma que nasce deseja ao mesmo
tempo
não se separar do universo continente
e é a mãe o símbolo que acalma
sua necessidade de paz e de equilíbrio.
Na manhã seguinte, a mãe sai do hospital
deixando a sua cria abandonada a seu
destino.
Nem um nome essa criança recebeu,
apenas um número de identificação.
Mais alguns dias e em forma de pacote
é levada e entregue para um orfanato.
Mas não tudo na vida dura muito ,
as experiências nos marcam para sempre
e o contínuo batalhar da jornada
da vida não se detém e é cruel ,
até o momento final em que voltamos
àquela formosa e ansiada calma.
Que futuro a espera?
Primeiramente entrar em uma fila de
adoção...
Será que aparecerá alguém que a aceitará?
Que nome ela recebera?
Ou ficara numa lista de espera
com apenas um número para identificá-la.
A roda da vida marcha sem parar
sem calar nunca seu canto sem tempo
e na sua corrente de giros incessantes
uma alma que nasce é uma nova engrenagem.
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